Ol&aacute;, tudo bem? Que bom ter voc&ecirc; aqui de volta! Parece que o tema &ldquo;distopia&rdquo; te agradou, correto? Ent&atilde;o, bora conversar mais um pouquinho sobre isso.Como conversamos na parte 1, uma distopia geralmente apresenta uma descri&ccedil;&atilde;o ficcional de uma sociedade que vai na contram&atilde;o do ideal completo, a utopia, e costuma se passar no futuro, em um contexto no qual o Estado se utiliza da raz&atilde;o para disseminar a viol&ecirc;ncia e controlar as massas a fim de perpetuar a desigualdade. O conceito filos&oacute;fico de distopia foi utilizado pela primeira vez em 1865 pelo fil&oacute;sofo John Stuart Mill, durante uma sess&atilde;o do parlamento brit&acirc;nico, para se referir a uma realidade oposta &agrave; utopia. Nesse sentido, a realidade dist&oacute;pica passa a ser caracterizada por uma perspectiva de mundo pessimista, saturada de incertezas em rela&ccedil;&atilde;o ao futuro.Escrito em 1920 na rec&eacute;m-formada Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica, o romance N&oacute;s, de Yevgeny Zamyatin, &eacute; considerado a primeira hist&oacute;ria da fic&ccedil;&atilde;o cient&iacute;fica a abordar distopias totalit&aacute;rias. Em N&oacute;s, Zamyatin imagina uma sociedade regida pelo &ldquo;Estado &Uacute;nico&rdquo;. Trata-se de um povo sob vigil&acirc;ncia eterna. Ningu&eacute;m tem nome, apenas identifica&ccedil;&otilde;es alfanum&eacute;ricas. Os homens t&ecirc;m siglas que se iniciam com consoantes, enquanto as mulheres t&ecirc;m siglas que come&ccedil;am com vogais. As rela&ccedil;&otilde;es sexuais s&atilde;o n&atilde;o-monog&acirc;micas, definidas por padr&otilde;es, e apenas mulheres com determinado biotipo podem reproduzir. N&atilde;o h&aacute; nem pais nem m&atilde;es. A partir do nascimento, todas as crian&ccedil;as s&atilde;o tomadas pelo governo.&nbsp;&nbsp;&nbsp;Fahrenheit 451, de Ray BradburyFahrenheit 451 &eacute; um livro de fic&ccedil;&atilde;o cient&iacute;fica publicado em 1953 pelo escritor norte-americano Ray Bradbury.Numa cultura de combate ao pensamento cr&iacute;tico e aut&ocirc;nomo dos indiv&iacute;duos, o romance fala sobre uma realidade dist&oacute;pica em que o trabalho dos bombeiros &eacute; basicamente o de queimar livros.&nbsp;Essa &eacute; uma obra que carrega forte cr&iacute;tica social no que se refere ao autoritarismo e &agrave; repulsa ao conhecimento, intensamente presentes durante o nazismo e que contextualizaram a d&eacute;cada de 50 no p&oacute;s-guerra.A hist&oacute;ria ficou bastante conhecida com a adapta&ccedil;&atilde;o para o cinema do diretor Fran&ccedil;ois Truffaut, em 1966. H&aacute; tamb&eacute;m um remake feito pela HBO.&nbsp;O Conto de Aia, de Margaret AtwoodO romance dist&oacute;pico O&nbsp;conto da Aia, de Margaret Atwood, passa-se num futuro muito pr&oacute;ximo e tem como cen&aacute;rio uma rep&uacute;blica onde n&atilde;o existem mais jornais, revistas, livros e filmes. As universidades foram extintas. Tamb&eacute;m j&aacute; n&atilde;o h&aacute; advogados porque ningu&eacute;m tem direito &agrave; defesa. Os cidad&atilde;os considerados criminosos s&atilde;o fuzilados e pendurados mortos no Muro, em pra&ccedil;a p&uacute;blica, para servirem de exemplo enquanto seus corpos apodrecem &agrave; vista de todos. Para merecer esse destino, n&atilde;o &eacute; preciso fazer muita coisa: basta, por exemplo, cantar qualquer can&ccedil;&atilde;o que contenha palavras proibidas pelo regime, como &ldquo;liberdade&rdquo;. Nesse Estado teocr&aacute;tico e totalit&aacute;rio, as mulheres s&atilde;o as v&iacute;timas preferenciais, anuladas por uma opress&atilde;o sem precedentes. O nome dessa rep&uacute;blica &eacute; Gilead, mas j&aacute; foi Estados Unidos da Am&eacute;rica.As mulheres de Gilead n&atilde;o t&ecirc;m direitos. Elas s&atilde;o divididas em categorias, cada qual com uma fun&ccedil;&atilde;o muito espec&iacute;fica no Estado. A Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar &ndash; depois que uma cat&aacute;strofe nuclear tornou est&eacute;ril um grande n&uacute;mero de pessoas. As mulheres transformadas em aias s&atilde;o entregues a algum homem casado do alto escal&atilde;o do ex&eacute;rcito e obrigadas a manter rela&ccedil;&otilde;es sexuais at&eacute; engravidarem. Depois de darem &agrave; luz, elas amamentam o beb&ecirc; por alguns meses at&eacute; ser entregue a outro homem, agora com chamado Offred, que significa &ldquo;of Fred&rdquo; (&ldquo;de Fred&rdquo;) ou &ldquo;pertencente ao homem chamado Fred&rdquo;.Os beb&ecirc;s s&atilde;o propriedade do casal que escravizou as aias. Assim, ao longo da vida, uma aia pode ter v&aacute;rios donos e, portanto, v&aacute;rios nomes: Ofglen, Ofcharles, Ofwayne&hellip;O Conto de Aia foi adaptado para a televis&atilde;o. Procure por &ldquo;The Handmaid&acute;s Tale&rdquo; nos streamings; j&aacute; s&atilde;o cinco temporadas produzidas.Intenso, n&atilde;o acha?&nbsp;&nbsp;O resumo da &oacute;peraA literatura dist&oacute;pica e as obras produzidas a partir dessa est&eacute;tica foram e continuam sendo fundamentais para refletirmos sobre o tipo de sociedade na qual vivemos, e de como os avan&ccedil;os cient&iacute;ficos e tecnol&oacute;gicos n&atilde;o garantiram uma vida melhor para a maior parte dos habitantes do planeta &ndash; muitas vezes, significou a desumaniza&ccedil;&atilde;o e a concentra&ccedil;&atilde;o de riquezas. Al&eacute;m disso, as distopias nos fazem refletir sobre a influ&ecirc;ncia do governo na vida das pessoas.&nbsp;E a&iacute;, curtiu?Qual a sua opini&atilde;o sobre as distopias e qual a sua favorita?&nbsp;Deixe o seu coment&aacute;rio e at&eacute; a pr&oacute;xima!

O Guia das distopias

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Para os amantes da literatura, as distopias, com certeza, foram fundamentais para a forma&ccedil;&atilde;o liter&aacute;ria. Com temas pol&ecirc;micos e no contexto de sociedades totalit&aacute;rias, as distopias tamb&eacute;m est&atilde;o presentes no audiovisual, como na s&eacute;rie Black Mirror.Quer entender um pouco mais sobre o que significa uma distopia? Bora em frente!Uma obra liter&aacute;ria dist&oacute;pica &eacute; um subg&ecirc;nero da fic&ccedil;&atilde;o-cient&iacute;fica e, de forma geral, traz uma narrativa de fic&ccedil;&atilde;o sobre sociedades futuristas caracterizadas pelo desenvolvimento da t&eacute;cnica e por regimes pol&iacute;ticos ditatoriais, nas quais o Estado e a sua classe dominante utilizam de ferramentas da Ci&ecirc;ncia e da raz&atilde;o para o controle das massas. A padroniza&ccedil;&atilde;o de condutas e de comportamentos sociais e a normaliza&ccedil;&atilde;o e reprodu&ccedil;&atilde;o das desigualdades s&atilde;o temas recorrentes nessas narrativas.No grego antigo, distopia significa &ldquo;lugar ruim&rdquo;. A palavra &eacute; usada para descrever um lugar, uma &eacute;poca ou uma sociedade imagin&aacute;ria, onde os personagens vivem, em alguns casos, de forma prec&aacute;ria, sob um regime autorit&aacute;rio, em que tudo est&aacute; organizado de uma forma opressiva e assustadora.Distopia &eacute; o oposto de utopia, sacou?As distopias e os seus desdobramentos tem&aacute;ticos s&atilde;o o mote de alguns dos maiores cl&aacute;ssicos. Esse tema traz &agrave; tona discuss&otilde;es fundamentais para a nossa sociedade.Hoje, vamos come&ccedil;ar com os cl&aacute;ssicos Admir&aacute;vel Mundo Novo, de Aldous Huxley, e 1984, de George Orwell. ADMIR&Aacute;VEL MUNDO NOVO, de Aldous Huxley Publicado em 1932, Admir&aacute;vel Mundo Novo &eacute; uma fic&ccedil;&atilde;o que retrata um futuro distante, bastante tecnol&oacute;gico, em que existe um forte controle por parte do governo, n&atilde;o s&oacute; das a&ccedil;&otilde;es das pessoas, mas tamb&eacute;m do psicol&oacute;gico.Nesse&nbsp;mundo altamente hier&aacute;rquico, repleto de castas, bem semelhante a &Iacute;ndia, as pessoas n&atilde;o s&atilde;o capazes de mudar de classe social e, consequentemente, de vida.Outro ponto fundamental dessa obra &eacute; a SOMA, uma esp&eacute;cie de droga ou medicamento servido diariamente para manter a popula&ccedil;&atilde;o alienada.Com um cen&aacute;rio forte, esse &eacute; um&nbsp;livro indicado para aqueles que desejam conhecer mais sobre as origens da distopia. Huxley &eacute; certamente um dos maiores escritores da Hist&oacute;ria, e conhecer esta que &eacute; considerada por muitos como sua principal obra &eacute; um dever de qualquer escritor.&nbsp;1984, de George Orwell1984 &eacute;, provavelmente, a Monalisa de George Orwell.O autor, ex&iacute;mio autor, tem outra cl&aacute;ssica distopia escrita: o tamb&eacute;m cl&aacute;ssico A revolu&ccedil;&atilde;o dos bichos, mas &eacute; 1984 a sua obra mais cultuada.Nessa obra, Orwell traz uma sociedade dividida em tr&ecirc;s territ&oacute;rios constantemente em guerra, contexto que lhe permite gestar uma de suas principais cr&iacute;ticas: guerras s&atilde;o criadas para manter uma sociedade satisfeita com gastos ilimitados. A sociedade de 1984 &eacute; inspirada nos regimes totalit&aacute;rios vigentes entre as d&eacute;cadas de 1930 e 1940.Voc&ecirc; sabe de onde vem o termo BIG BROTHER?Considerado um&nbsp;cl&aacute;ssico, esse livro &eacute; base para diversas outras obras do g&ecirc;nero. Al&eacute;m disso, foi a partir desse livro que o conceito de&nbsp;&ldquo;Big Brother &ndash; o Grande Irm&atilde;o&rdquo;&nbsp;foi criado, uma vez que, no livro, as pessoas s&atilde;o vigiadas constantemente, mesmo no conforto de seus lares.&ldquo;Guerra &eacute; Paz.Liberdade &eacute; Escravid&atilde;o.Ignor&acirc;ncia &eacute; For&ccedil;a&rdquo;1984, de George Orwell&nbsp;E a&iacute;, curtiu?J&aacute; conhecia essas distopias?Deixe o seu coment&aacute;rio e bora fomentar uma comunidade de amantes dos livros!&nbsp;

O Guia das Distopias

Somos feitos de refer&ecirc;ncias. Tudo aquilo que um escritor utiliza em sua obra vem de algum lugar, e esses lugares s&atilde;o nossas refer&ecirc;ncias individuais. Refer&ecirc;ncia significa aquilo que temos como modelo. Desde cedo, temos algu&eacute;m como refer&ecirc;ncia, algu&eacute;m que admiramos a conduta e nos inspiramos. A primeira refer&ecirc;ncia costuma ser o pai ou a m&atilde;e. Depois, os &iacute;dolos da inf&acirc;ncia e juventude, um artista, um m&uacute;sico, um escritor, um revolucion&aacute;rio. As refer&ecirc;ncias moldam nosso car&aacute;ter e estilo, e a combina&ccedil;&atilde;o de diversas refer&ecirc;ncias e experi&ecirc;ncias sociais moldam a forma individual de produzir conte&uacute;do de cada escritor. Hoje em dia, praticamente nada do que &eacute; produzido &eacute; 100% original. No livro &ldquo;Roube como um artista&rdquo;, o autor Austin Kleon aplica esse pressuposto de que nada &eacute; original, e se inspirar em artistas que s&atilde;o suas refer&ecirc;ncias &eacute; uma forma pr&aacute;tica e vantajosa de lapidar seu estilo de escrita. &ldquo;Se gosta de um artista, copie-o, e copie as refer&ecirc;ncias deste artista, descubra de quem ele gosta, quem ele copia, quem &eacute; a sua influ&ecirc;ncia, e tome tudo isto para si. Seja este artista at&eacute; a hora que vai sentir que n&atilde;o est&aacute; mais copiando e sim criando sua pr&oacute;pria vers&atilde;o.&rdquo;&nbsp;Austin Kleon, em &ldquo;Roube como um artista&rdquo;&nbsp;Enquanto voc&ecirc; n&atilde;o tem um estilo pr&oacute;prio bem definido, experimente em suas cria&ccedil;&otilde;es e perceba onde sua obra se destaca e tamb&eacute;m onde voc&ecirc; se sente mais confort&aacute;vel.Agora o pulo do gato: o segredo est&aacute; em saber combinar diversas refer&ecirc;ncias a ponto de sua obra ser original, sacou?

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