Quando Acorda
Lorrane Dias
Nunca deixei de te escrever em vão,
Te trago em verso, rima e solidão.
Por dentro, o mundo é frio, azul, vazio —
Às vezes sinto o toque de um arrepio.
Será você? Ou só recordação,
Que busca abrigo em falsa direção?
Cubro tua ausência em bares, distrações,
Mas caio sempre em velhas repetições.
Já vi teus traços em algum olhar,
Mas era a saudade a me enganar.
Quisera um dia quente, iluminado,
Com céu alaranjado e ensolarado.
Teus dias seguem claros, sem temor,
Um sol que nunca sente mais amor.
Mas me pergunto, ao raiar da alvorada:
Será que sente minha falta ao nada?
E se o meu cheiro ainda faz morada,
Ou já se perde em nova madrugada.
Amar por cima — sem profundidade —
É mais fácil do que encarar a verdade.
Mas se um dia o destino for gentil,
Que teu amor me encontre — mesmo sutil.
Obrigado por dedicar seu tempo a ler “Quando Acorda”.
Agradeço às ausências que me ensinaram a sentir com mais intensidade.
Aos silêncios que viraram versos, e aos vazios que, de alguma forma, me preencheram.
Foi na falta que encontrei palavras, e no adeus, descobri a beleza de continuar escrevendo.
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