QUANDO ACORDA

“Quando Acorda” mergulha no vazio deixado por uma ausência que insiste em habitar os dias. É uma travessia lírica entre lembranças, tentativas de distração e a inevitável repetição do sentir. Um poema que revela como algumas presenças continuam ecoando, mesmo quando o outro já não está.

14/07/2025 12:59
3 min.
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Quando Acorda
Lorrane Dias

Nunca deixei de te escrever em vão,
Te trago em verso, rima e solidão.
Por dentro, o mundo é frio, azul, vazio —
Às vezes sinto o toque de um arrepio.
Será você? Ou só recordação,
Que busca abrigo em falsa direção?
Cubro tua ausência em bares, distrações,
Mas caio sempre em velhas repetições.
Já vi teus traços em algum olhar,
Mas era a saudade a me enganar.
Quisera um dia quente, iluminado,
Com céu alaranjado e ensolarado.
Teus dias seguem claros, sem temor,
Um sol que nunca sente mais amor.
Mas me pergunto, ao raiar da alvorada:
Será que sente minha falta ao nada?
E se o meu cheiro ainda faz morada,
Ou já se perde em nova madrugada.
Amar por cima — sem profundidade —
É mais fácil do que encarar a verdade.
Mas se um dia o destino for gentil,
Que teu amor me encontre — mesmo sutil.


Obrigado por dedicar seu tempo a ler “Quando Acorda”.

Agradeço às ausências que me ensinaram a sentir com mais intensidade.

Aos silêncios que viraram versos, e aos vazios que, de alguma forma, me preencheram.

Foi na falta que encontrei palavras, e no adeus, descobri a beleza de continuar escrevendo.

Lorrane Dias Barbosa

Lorrane Dias Barbosa

Autor

Bio
Lorrane Dias é uma amante da palavra escrita, que transforma sentimentos em poesia com intensidade, delicadeza e verdade. Naturalmente sensível e observadora, encontra na escrita um refúgio para as emoções que transbordam e não cabem no silêncio. Suas poesias exploram os labirintos do desejo, da saudade e das relações humanas, sempre com um toque de profundidade e confissão. Acredita que cada verso é uma forma de tocar o outro — mesmo quando fala de dores secretas, amores impossíveis ou paixões que desafiam a razão. Sua escrita é um espelho das emoções que não pedem licença para existir.