O SEGREDO DO VENTO
A pequena lagarta se agarrava ao galho com suas patinhas minúsculas. O vento balançava as folhas ao seu redor, assobiando entre as árvores. Ela olhou para cima e viu uma borboleta passar, suas asas brilhando à luz do sol.
— Senhora Folha... — sussurrou a lagarta. — Eu ouvi dizer que um dia vou ter asas...
A folha balançou suavemente.
— Sim, minha querida. Você se transformará em algo lindo.
A lagarta encolheu seu corpinho.
— Mas... e o vento? Ele é tão forte... e se eu não souber voar? E se ele me levar para muito longe?
A Senhora Folha sorriu com carinho.
— O vento pode parecer assustador, mas também pode ser seu amigo. Ele não quer te machucar, apenas te levar para onde você precisa estar.
A lagarta a olhou com dúvida nos olhos.
— Mas como você pode ter tanta certeza? Você nunca teve asas...
A Senhora Folha suspirou e contou sua história.
— Ah, minha pequena, eu também já tive medo do vento. Antes de me prender firme aqui, eu pertencia a uma árvore distante. Quando chegou o outono, senti que meu tempo ali estava terminando. O vento começou a me chamar, sussurrando que era hora de partir. Eu resisti, tentei segurar o máximo que pude, pois não sabia para onde ele me levaria. Mas um dia, não tive escolha. O vento me ergueu e me carregou para longe...
A lagarta arregalou os olhinhos.
— O que aconteceu? Você não ficou assustada?
— Sim, no início. Mas então percebi que o vento não era meu inimigo. Ele me levou para uma nova aventura, rodopiando no céu, me fazendo dançar antes de me deixar descansar neste lugar, onde encontrei novas amigas e uma nova história para contar.
A lagarta refletiu por um momento. Talvez o vento não fosse tão cruel assim. Talvez ele tivesse um propósito...
— Você acha que ele também tem um destino para mim? — perguntou baixinho.
A Senhora Folha sorriu.
— Tenho certeza disso. Assim como me trouxe até aqui, ele também te levará para onde você precisa estar.
A lagarta olhou para o céu e, pela primeira vez, sentiu um pequeno brilho de curiosidade em seu coração. Ainda tinha medo, mas agora começava a acreditar que o vento não era apenas uma ameaça, e sim um convite para algo maior.
Capítulo 2: O Casulo do Vento
Nos dias seguintes, a lagarta começou a testar o vento. Soltava-se por um instante e deixava a brisa balançá-la, sempre retornando ao seu galho. A Senhora Folha a observava com ternura.
— Está aprendendo a confiar, minha pequena? — perguntou a folha.
— Acho que sim — respondeu a lagarta — Mas ainda tenho medo. Como saberei quando estarei pronta?
A Senhora Folha riu suavemente.
— Nem sempre sabemos. Mas a vida nos dá sinais. E os sinais vieram.
A lagarta começou a sentir um cansaço diferente, um chamado silencioso para se recolher. Sob a orientação da Senhora Folha, ela começou a tecer um casulo ao seu redor, abrigada pelas palavras encorajadoras de sua amiga.
— O vento te ajudará, como fez comigo — dizia a folha. — Confie nele.
Dentro do casulo, a lagarta sentia o vento balançá-la suavemente. Fechou os olhos, entregando-se ao que viria.
Capítulo 3: A Gratidão e o Voo
Os dias passaram, e a Senhora Folha continuou ali, protegendo o casulo como podia. Até que, numa manhã iluminada, algo se moveu. O casulo se rompeu, e de dentro dele saiu uma borboleta, suas asas ainda frágeis, mas cheias de cores vibrantes. A Senhora Folha sorriu.
— Bem-vinda de volta, minha pequena.
A borboleta olhou para si mesma, surpresa e emocionada. O vento a envolveu suavemente, como um velho amigo.
— Senhora Folha... eu consegui! — exclamou ela.
— Eu sabia que conseguiria — respondeu a folha. — E agora, o que fará?
A borboleta abriu suas asas e sentiu a brisa. Fechou os olhos por um instante e, com um bater de asas, ergueu-se no ar. Antes de partir, pousou suavemente sobre a Senhora Folha.
— Obrigada por me ensinar a confiar — disse com ternura — Nunca esquecerei você.
A folha balançou levemente.
— Vá, minha querida. O vento tem muitos caminhos para te mostrar.
E então, sem medo, a borboleta se entregou ao vento. E voou.
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