Se tem uma coisa que quase todos os livros têm em comum, são os personagens. Em muitos casos (salvo biografias e livros baseados em fatos reais, por exemplo), essas “pessoas” saem do imaginário do(a) autor(a).
Já imaginou o que seria de Hogwarts sem Harry Potter, um dos bruxinhos mais famosos da literatura? E o que dizer de Sherlock Holmes, que “viveu” em Londres entre 1881 e 1903, no último período da Era Vitoriana? Ou ainda Mônica, Cebolinha, Chico Bento, Magali e toda a turma do bairro do Limoeiro?
Não importa a idade, se são mocinhos ou vilões, engraçados ou quase insuportáveis, para adultos ou crianças. Um bom enredo sempre terá alguém que viverá uma história a ser desenrolada.
Mas inventar alguém que seja interessante para o público e prenda a atenção pode ser uma tarefa que exija alguns cuidados do(a) autor(a). Alguns pontos precisam ser considerados nesse momento de criação. E é exatamente isso que vamos ensinar neste texto. Bora lá?
Antes de definir as características de seus personagens, é preciso entender qual o papel de cada um deles na trama. Um enredo básico normalmente tem protagonista, antagonista, coadjuvante e oponente. Mas o que cada um deles faz na trama?
É o personagem principal do enredo, em torno do qual a trama será construída. É com ações feitas por ele, para ele ou sobre ele que a história se desenvolve e os objetivos traçados pelo autor são alcançados (ou não). No decorrer do livro, ele passará por vários obstáculos que devem ser contornados para atingir o sucesso. Usando Harry Potter como exemplo, o próprio Harry é o protagonista da história.
Este personagem é o que vai causar a maioria dos obstáculos para o protagonista enfrentar. Ele vai sempre contra o personagem principal do enredo, fazendo ameaças ou tentando impedir que ele conquiste os objetivos. Não necessariamente o antagonista é só uma pessoa; ele pode ser também um grupo, instituição ou algo do tipo. Em Harry Potter, o personagem Voldemort é o principal antagonista da saga.
É a pessoa que contribui para o andamento da história, mas não é o principal. A sua função pode ou não estar relacionada com a narrativa principal. Em Harry Potter, Hermione é um bom exemplo de coadjuvante.
Este personagem “caminha” junto ao antagonista, ou seja, ele é uma espécie de ajudante do “vilão da trama”. Na obra de Harry Potter, o professor Quirrell é o exemplo de oponente.
A verossimilhança é a capacidade de conectar todos os pontos da obra, fazendo com que eles tenham coerência e pareçam verdade. O que isso quer dizer? Mesmo dentro de um mundo totalmente fictício, é preciso haver conexão entre fatos, personagens, situações e tempo para que isso pareça real.
Pense também que seu personagem não pode ser totalmente perfeito. Ele deve conter características que o fazem parecer mais reais, como cometer erros e ter ações equivocadas. O autor deve explorar o lado vulnerável e imperfeito do personagem, afinal, ninguém sabe tudo e acerta tudo o tempo todo.
Mesmo que a estória seja uma ficção, por exemplo, a verossimilhança dos personagens faz com que o leitor se aproxime ainda mais das sensações que o autor quer transmitir. Fique atento à coerência, pois, se o personagem tem medo de cachorro, ele não poderá ter um animal de estimação desse tipo. Se isso acontecer, a verossimilhança vai por água abaixo.
Você já aprendeu qual a função de cada personagem em um enredo. Já entendeu também que o papel da verossimilhança é fundamental. Contudo, como fazer com que esse personagem seja realmente interessante? A resposta é: fazendo perguntas.
Isso mesmo! Questionar seu personagem fará com que você o compreenda melhor e possa desenvolver características que se assemelhem à sua condição. Por isso, fazer a ficha técnica de cada personagem é fundamental para que o autor não se perca no decorrer do livro.
Um ponto relevante é que um personagem não necessariamente precisa ser uma pessoa. Lembre-se que em “O Senhor dos Anéis” a montanha Caradhras foi um personagem. Em “Procurando Nemo”, um peixe é o personagem principal. Já no “Sítio do Picapau Amarelo”, Emília, Rabicó, Cuca e Visconde de Sabugosa são exemplos de personagens não humanos (apesar de terem características humanas).
A ficha técnica deve ser o mais detalhada possível. Ela pode começar pelo simples, como nome, idade, características físicas (cor dos olhos, pele, cabelos, altura, peso…), o que gosta de vestir, onde mora, onde nasceu.
Em seguida, pode-se pensar em qual será a posição dele na trama: será protagonista, antagonista, coadjuvante ou oponente? O que ele deseja no enredo? Sofrerá transformações no desenrolar da estória?
Deve-se levar em conta também a família do personagem (mesmo que ela não seja citada no livro). Qual a relação dele com ela? Esse personagem tem amigos? Quem são? Quais os melhores amigos?
Outro ponto que deve ser considerado é como ele se porta na estória. Como ele fala? Usa gírias? Tem algum costume, ritual ou algo que está sempre presente na vida dele? Pode-se falar de hobbies, onde costuma frequentar e o que gosta de fazer, por exemplo.
O autor tem que considerar a parte psicológica e emocional do personagem. O que o motiva? Tem medo de algo? É possível falar da sexualidade, sua visão de mundo e coisas ou pessoas que ele mais estima.
Lembrando que essas características não precisam necessariamente estarem explícitas no texto. Porém, elas ajudarão o autor a compreender melhor seu personagem, e, com isso, seu desempenho na estória.
Não se esqueça que todo personagem está em um cenário. Pense nos locais onde esse personagem frequenta. Como é a casa, o trabalho, o local onde estuda, onde se diverte, por onde costuma passar ao se deslocar na trama. Esses detalhes farão toda a diferença.
É importante contextualizar o local por onde esse personagem transita. Aromas, ruídos, cores e outros recursos fazem o leitor se aproximar dos ambientes. Os cenários ajudam a compor a vida do personagem. Um complementa o outro.
Você pode também pensar em outras informações sobre o personagem, que podem (ou não) serem utilizadas no texto.
Por acaso você sabe alguma coisa que ele mesmo ainda não descobriu? Ele tem algum desejo secreto ou algum vício? Esconde alguma situação? Qual a comida favorita? Qual o filme favorito? É envolvido(a) com causas sociais? Para onde gosta de viajar?
O autor tem que ser quase como aquela pessoa ‘meio fofoqueira’. Como assim? Tem que perguntar tudo e querer saber de tudo para compreender a pessoa [personagem]. Uma vez compreendida, o escritor vai contar tudo isso para os outros (com o texto que irá elaborar).
Para criar personagens, é preciso ouvir histórias e conhecer gente. Um bom caminho que serve como pontapé inicial é visitar o Museu da Pessoa, que funciona de forma totalmente online. Nele, é possível ver ou ler histórias de vida de milhares de pessoas. Quem sabe você não encontra a inspiração que tanto precisa por lá? Mas nada de copiar uma história de vida por inteiro. Para isso, você precisa de autorização.
Capitu - Machado de Assis
Drácula - Bram Stoker
Dom Casmurro - Machado de Assis
Dom Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes
Harry Potter - J.K. Rowling
Monstro de Frankenstein - Mary Shelley
O Corcunda de Notre Dame - Victor Hugo
Peter Pan - JM Barrie
Robinson Crusoe - Daniel Defoe
Robin Hood - Alexandre Dumas
Romeu e Julieta - William Shakespeare
Sherlock Holmes - Arthur Conan Doyle
Scarlett O'Hara - Margaret Mitchell
Willy Wonka - Roald Dahl
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Agora que você já entendeu como criar personagens de sucesso, que tal compartilhar com o mundo as aventuras, os dramas, as alegrias e tristezas que ele pode viver nos mais diversos cenários? Com a plataforma da Epublik, você pode escrever seu livro utilizando ferramentas que facilitam a criação dele.